9/24/2016

Memórias tristes das Invasões Francesas em Travanca de Farinha Podre

Depois de termos referido (no Blogue Penacova Online) com algum pormenor aquilo que se passou em Farinha Podre (actual S. Pedro de Alva) e em S. Paio de Farinha Podre (actual S. Paio do Mondego), damos agora continuidade a este assunto, trazendo à memória dos leitores as horas trágicas que também a freguesia de Travanca de Farinha Podre viveu, em parte há precisamente 205 anos feitos hoje, e depois, pela segunda vez, no início da Primavera seguinte.

De acordo com o relato do Prior António Paulino Coelho de Mesquita,(nome que se encontra gravado na pedra da porta principal da igreja) datado de 13 de Abril de 1811,  os franceses entraram duas vezes em Travanca: nas vésperas da Batalha do Bussaco (Setembro de 1810) e em Março de 1811.
Da primeira vez, entraram na igreja, “arrancaram as pedras de Ara, quebraram uma, lançaram todas as demais pelo pavimento, assim como todas as toalhas e paramentos”. Nas capelas não entraram. Nas casas poucos estragos e roubos fizeram: apenas alguns sacos de grão. No entanto, é referida a morte de dois homens. Um seria de Venda Nova de Cima (freguesia de Farinha Podre) e “outro não se sabe de onde”.
Em Março, entre 16 e 18, também assaltaram a igreja, tirando galões a todas as vestimentas e capas. Além disso tiraram as relíquias a uma pedra de Ara, “arrombaram o sacrário pela parte de trás e tiraram o forro e cortinas”.
Nos anexos da igreja “arrombaram a porta do armazém de azeite donde tiraram algum”. Na residência paroquial “quebraram e roubaram tudo o que apanharam”. Na freguesia queimaram sete das melhores “moradas de casa”, com prejuízos de “mais de vinte mil cruzados”.
Em Lagares mataram Manuel Rodrigues, casado, “sapateiro”, já passado dos 80 anos. Um outro foi vítima de várias cutiladas. Aprisionaram uma mulher casada “a qual deixaram”. Na tabela feita pelo Arcipreste de Sinde lá aparece registada na coluna das mulheres violadas”...

9/17/2016

No 10º aniversário da sua morte recordar a vida e a obra do Padre António Oliveira Veiga e Costa

Faz  precisamente hoje 10 anos que o Sr. Padre Veiga foi a sepultar no cemitério de Travanca. Falecera a 15 de Setembro de 2006. O jornal Nova Esperança, que fundara e dirigira, dedicou-lhe um espaço especial na edição de 30 de Setembro desse ano. É essa memória e essa homenagem que hoje aqui recordamos :


"PELA VIDA E OBRA A NOSSA HOMENAGEM

Aos trinta e cinco anos descobriu a sua vocação, ordenou-se sacerdote em 15 de Agosto de 1967 e assim se dedicou a Deus e ao Mundo. Quis Deus que no ano seguinte, após exercer funções de coadjutor na paróquia de S. José de Coimbra, viesse para este concelho, onde serviu as paróquias de Travanca do Mondego (onde residiu), de Oliveira do Mondego e de Almaça. Trazia consigo um propósito: “Servir o Altar da Reconciliação e Servir o Apostolado Social”. Trazia também um apelo aos seus novos paroquianos: serem pela vida fora um sinal mais”.
Homem de Fé mas também Social, assim começou a sua luta por fazer o Bem e melhorar a qualidade de vida das suas paróquias a começar pelos mais pequenos.
No ano de 1971 iniciou as Colónias Balneares infantis na Praia de Mira, a oportunidade de muitas crianças e adolescentes verem pela primeira vez o mar e fortalecer a sua saúde.
Em 1976 nasceu a sua primeira obra, o Centro Paroquial de Bem-Estar Social a par do arranque do Jardim de Infância. Começou a ser frequentado por 24 crianças. As actividades tinham lugar nas instalações provisórias da residência paroquial, com a orientação de duas Educadoras Estagiárias da Escola de Educação de Infância de Coimbra.
Em 18 de Agosto de 1976 iniciou a campanha de recolha de ofertas para obras de adaptação de duas salas anexas à Igreja Paroquial. O Estado apoiou através do Instituto de Apoio à Família e a Fundação Calouste Gulbenkian ofereceu todo o equipamento interior e exterior: material didáctico, mobiliário e parque infantil.
Á esq. página assinada pela Equipa do NE; à direita testemunhos de penacovenses

Para o Jardim de Infância viveu e mais conquistou:  em 1980 foi construído também um salão polivalente; em 1982 adquirida uma carrinha, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e em 15 de Maio de 1883 inaugurado um refeitório.
Além do apoio à infância o Centro Paroquial foi desenvolvendo diversas actividades ao longo destes anos: teatro, festas-convívio, escola de música, grupo coral, alfabetização, escutismo, etnografia e folclore.
Em 7 de janeiro de 1983 foi criada a Escola de Música que chegou a ter, em 1987, 50 alunos. Assinalando o Ano Internacional da Paz (1986) o Centro Paroquial, com o apoio de um grupo de jovens, fez uma recolha do património cultural que culminou com uma exposição de antiguidades e com a criação do Grupo Folclórico “Mensageiro da Paz”.
A educação e a cultura foram os lemes sociais que orientaram a sua obra, não descurando as bibliotecas paroquiais, procurando sempre apoios e donativos, quer de longe, quer de perto, sem medo e acreditando que a fé move montanhas. Desde a Telescola onde teve um papel primordial, ao Jardim de Infância, às Colónias de Férias, ao Rancho,  às sucessivas obras de beneficiação, são exemplos bem vivos de um grande esforço e dedicação. De entre todas as obras do Sr. Padre Veiga salientamos a edição do livro “S. Sebastião”, em 1997.
Em Janeiro de 1980, ajudado pelo Prof. Egídio Manuel Fialho Santos e pelo Sr. Alcibíades da Conceição Ferreira decidiu dar vida ao Nova Esperança. Com a recolha das notícias e escolhido o logotipo do jornal, começou a ser composto e impresso na Gráfica de Gouveia. As edições sucederam-se e os colaboradores também. Relembramos o Sr. Reinaldo Dinis e o Sr. António Tavares, que ajudaram a manter e a desenvolver este órgão de informação. Em todas as suas fases o Nova Esperança teve um denominador comum: o Sr. Padre Veiga. Com décadas ao serviço das paróquias do concelho, o Sr. Padre Veiga, nosso Director, foi sem dúvida a força propulsora, não só do jornal, mas de todo um trabalho e dedicação social que muito agradecemos. Ao nosso fundador queremos aqui homenagear o esforço, o interesse e dedicação, nas obras que deu origem, na certeza de que a sua vida não foi em vão e que as suas obras se manterão vivas perpetuando a sua memória.
Bem-haja Sr. P.e  Veiga por tudo o que nos deixou…e pela dedicação ao serviço dos outros.
JNE 


António Oliveira Veiga e Costa nasceu em Peso – Sernancelhe, a 13-06-1932,
Estudou em Coimbra e aí foi ordenado em 15-08-1967.


Nos 25 anos do Jardim de Infância,
 ao lado do Vigário Geral da Diocese, Monsenhor Leal Pedrosa

8/30/2016

Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos já foi restaurado

Imagem do Nicho após o restauro


O Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos foi recentemente restaurado. No início do ano alertámos para o mau estado em que se encontrava. Em virtude desse reparo ou não, o certo é que agora temos de novo a Imagem e o Nicho no seu conjunto com muito melhor aspecto.
Recorde-se que este Nicho foi inaugurado em Março de 1966, portanto há 50 anos, por iniciativa do Padre Jorge Marques dos Santos e em especial da Profª Maria da Piedade Madeira Marques.
Deixamos a sugestão: colocar uma pequena lápide com a data de 25/3/1966 e a referência aos promotores directos, bem como ao seu restauro no seu cinquentenário.


Foto anterior ao restauro, como é bem visível
Os Nichos dedicados a Nossa Senhora (dos Caminhos) enquadram-se num plano da Mocidade Portuguesa Feminina lançado em 1962. 
Saiba + aqui

7/03/2016

Parabéns Travanca

Mais uma edição das Marchas Populares.
Mais um momento de afirmação da vontade e do querer das gentes de Travanca.
O "Adro da Igreja" foi o tema deste ano.
No polivalente do Areal desfilaram os grupos de Amor, Ribeira de Frades, Cheira, Lorvão, Semide e a marcha anfitriã.
Parabéns Travanca. Parabéns a todos os restantes grupos presentes.










1/02/2016

Neste início de Ano e 50 anos depois da construção do nicho invocar N.ª Srª dos Caminhos


Recordamo-nos bem da sua inauguração. Um acto simples mas cheio de devoção e fé. Os grandes mentores desta obra foram a professora Maria da Piedade Madeira Marques e o Pároco Padre Jorge Marques dos Santos.
Muitas vezes ali passámos ao longo destes 50 anos e invocámos protecção. Protectora nas viagens do dia a dia, protectora neste peregrinar que é a vida de cada um.
Hoje, o espaço adjacente mantém-se cuidado. No entanto, a imagem apresenta sinais de deterioração. O material de que é feita será um pouco frágil e também não podemos esquecer que já lá vão 50 anos.
Aqui fica um recorte do jornal que então se publicava no concelho, o Notícias de Penacova (Maio de 1966): 
“Nicho a Nossa Senhora dos Caminhos  - Através das colunas do Notícias”, tivemos conhecimento que pelo Natal, a mocidade desta terra, com o auxílio do Rev. Pároco e da Ex-ma Professora, organizaram uma pequena récita com o fim de angariar fundos para a construção de um nicho a Nossa Senhora dos Caminhos.
Como até à data nada mais tivesse sido publicado, leva-nos a crer que nada tivesse sido realizado, o que nos surpreendeu quando há dias ao visitarmos esta terra, deparamos com um pequenino nicho há pouco construído à entrada da povoação do Coval. Aproximámo-nos e verificámos pela sua imagem que se trata do falado nicho a Nossa Senhora dos Caminhos.
Dado isto, apressámo-nos a trocar impressões com alguém, para o que escolhemos o nosso amigo José O. Henriques, que nos deu algumas informações sobre a sua construção e ainda sobre a sua inauguração ocorrida em 25 de Março p. passado.
Sem dúvida alguma que o referido nicho foi erguido num óptimo local que se tornará ainda mais belo depois de crescidas as roseiras plantadas à sua volta.
Boa iniciativa a da mocidade e ainda do Rev.do Pároco e da Ex.ma Professora que não se pouparam a sacrifícios para levarem avante os seus planos. Que a todos Nossa Senhora recompense, são os nossos votos, ao mesmo tempo que os felicitamos.”