12/16/2010

Senhora dos Remédios: Senhora Ourada

Nota da Redacção:

Por ocasião das festas de 2008 o Penacova Online publicou uma pequena reportagem fotográfica da procissão. Passado muito tempo, somos contactados por uma pessoa da zona do Porto, que nas suas pesquisas na internet tinha encontrado o nosso "post". Desejava  saber mais pormenores sobre o uso de colocar ouro na imagem no dia da Festa Anual, dado que estava a preparar uma tese de doutoramento.
É assim que, a nosso pedido, a Drª Rosa Maria Mota, doutoranda em Artes Decorativas - Ourivesaria, na Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto teve a gentileza de nos enviar o texto que aqui fica registado e certamente será do interesse de muitos dos nossos leitores.
A oferta de objectos de ouro aos deuses será tão antiga quanto a existência do homem, e, entre as coisas que ainda hoje se oferecem a Deus e aos santos encontra-se a joalharia. Esta, neste contexto, assume a designação de joalharia devocional, porque fruto de uma devoção, e pode ser constituída por peças eruditas ou de carácter popular. No entanto, são estas últimas as mais oferecidas às diversas invocações de Maria, e a algumas santas de especial devoção das ofertantes.
O costume de ornamentar as imagens com adereços de ouro foi comum em todo o País, mas, na actualidade, está mais concentrado nas regiões do interior transmontano, alentejano e beirão. Na pesquisa efectuada a nível nacional encontramos, até ao momento, cento e quinze imagens no Continente, vinte na Madeira e quatro nos Açores, que ainda saem em procissão ataviadas com ornatos de ouro oferecidos pelas fiéis, e as quais denominamos Senhoras Ouradas. No distrito de Coimbra deparamos com cinco ocorrências, com a Senhora dos Remédios incluída.
Relativamente à estrutura, as imagens ouradas podem ser do tipo vulto perfeito, em madeira, pedra ou pasta pintadas, ou imagens de vestir. Nas primeiras, os ornatos áureos são-lhes colocados sem a adição de qualquer peça de vestuário. Contudo, em certas regiões, estas recebem um manto em tecido para usar no dia de festa juntamente com as suas jóias, como é o caso de Travanca do Mondego. Por sua vez, nas imagens de roca, ou de vestir, usam-se vestes completas desde roupa interior, vestido, manto e véus, aos quais se juntam inúmeros ornamentos áureos.
O tipo de adornos que embelezam o colo das imagens - cordões, voltas, gargantilhas, alfinetes de peito com pedras vermelhas e azuis(1), medalhas de santos e crucifixos - são comuns a todo o País. No entanto, há zonas que apresentam uma grande concentração de peças mais particulares, como os colares de gramalheira (2) em Trás-os- Montes e as libras com guarnição(3) no Minho. Na Madeira o número de cordões ou fios é muito superior ao número de medalhas ou ornatos, como aliás em quase todos os acervos que tivemos ocasião de apreciar. Todas as imagens ouradas usam brincos, e, se muitas delas já têm as orelhas furadas para esse propósito, outras, como a Senhora dos Remédios, usam-nos presos à cabeleira ou ao manto que lhes cobre a cabeça. Quase sempre ostentam brincos compridos, com incidência no tradicional brinco à rainha(4) mas, principalmente no Centro e Sul do País, podem ver-se vistosos brincos compridos de tipologias e influências diversas.
A forma como o ouro é colocado nas imagens varia de região para região. Pode ser colocado só nas mãos, só ao pescoço, espalhado sobre as vestes e, ainda, sobre toda a imagem e seu traje. Contudo, todo o ouro exibido comporta em si, quanto a nós, duas características - a expositiva e a ornamental. A primeira ocorre dado que uma das principais razões deste uso ser a de apresentar à comunidade os ornatos oferecidos pelo pagamento de promessas, e assim, pela sua exibição, mostrar que estes não foram alienados e continuam a fazer parte do espólio da Senhora ou da Santa. Depois, o carácter ornamental surgirá quando as jóias são usadas para engalanar e embelezar a imagem, para o dia da sua festa, à semelhança do que qualquer um de nós faz para um dia especial.
Este costume provoca diferentes reacções por parte dos responsáveis da Igreja Católica, e, se uns o aceitam, outros condenam-no. Não é nosso propósito fazer a apologia nem a detracção de tal prática. Queremos somente notar que é um hábito que ainda se mantém em muitas vilas e aldeias e que, por envolver ornamentos em ouro, faz parte de um estudo alargado, que estamos a elaborar, sobre os vários usos do ouro tradicional português durante o século XX.
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1 Tipo de ornatos que entrou em uso a partir dos anos 40, do século XX, e que foram largamente utilizados até aos anos 80. Eram peças de formas geométricas, a lembrar as influências Art Déco, e também florais, numa evocação da Arte Nova, decoradas com vidros coloridos, principalmente azuis e vermelhos, que com a sua cor e aparência davam um ar de jóia com pedrarias, vistosa mas a um preço muito acessível.
2 O colar de gramalheira é uma peça de grande aparato e excepcional efeito ornamental constituída por um medalhão e o seu respectivo cordão. Este tem duas formas básicas; grandes elos ovalados com círculos no interior ou constituído por secções de malha intercaladas com argolas. O medalhão, que em muitas zonas do Minho se chama também simplesmente gramalheira, é uma grande peça ornamentada com elementos vazados e pedrarias de fraco valor.
3 Moedas de libra, ou moedas de imitação de libra, envoltas por uma cercadura filigranada ou cinzelada.
4 Peça de grande aparato, em filigrana. É composto por duas peças recortadas e vazadas, articuladas por argolins. A parte inferior do brinco apresenta ainda no centro uma outra peça circular, também articulada, cujo movimento os torna ligeiros e elegantes ao serem usados. São os brincos mais usados no Minho e, na zona de Viana do Castelo são os brincos por excelência de todas as mulheres quando envergam o traje regional, seja este de que tipo for.
                                                                                                          Rosa Maria Mota
Publicado inicialmente no Penacova Online

12/15/2010

Não é fechado numa arca que queremos o passado. Este, queremo-lo vivo, para o podermos reconstruir e transformar...

Não é fechado numa arca que queremos o passado. Este, queremo-lo vivo, para o podermos reconstruir e transformar…Pois é cientes daquilo que fomos, que podemos seguir em frente e progredir sem temer a separação desse passado que é o nosso, sem medo de perder as referências que a ele nos prendem…

Assim se escrevia, vão quase vinte anos, num  Guião  distribuído aquando da apresentação do espectáculo “As Quatro Estações do Linho”, pelo Rancho Etnográfico e Folclórico de Travanca do Mondego. Uma produção que integrava, para além da música, apontamentos de dança e teatro, partindo do princípio de que a representação das tradições, enquanto  encenação que  é, se pode assumir como um verdadeiro espectáculo.

Assim aconteceu em 1989, quando um grupo de jovens e adultos, cheios de entusiasmo, deram vida a este renascer de tradições. Eram eles: Adelaide Sousa, Albertina Cordeiro, Alice Alves, Alice Rodrigues, Álvaro Ferreira, Amadeu de Matos, António C. Henriques, António Pais, António Rodrigues, Carlos M. Martins, Cecília Henriques, Cecília Sousa, Conceição Geraldes, Daniel Henriques, David Henriques, Graça Alves, Isabel Ferreira, João Azadinho, José A. Joaquim, José Fernandes, José Joaquim, Lúcia Matos, Nuno Azadinho, Nuno O. Santos, Palmira Viseu, Paula Alexandra Pereira, Pedro Fernandes, Raquel Figueiredo, Reinaldo Dinis e Tomé Teixeira.

O Centro Paroquial de Bem-Estar Social, com o empenhamento do Sr. Padre Veiga, lançou em 1986 a ideia de recuperar usos e tradições da freguesia, organizando uma recolha de “ antiguidades” e posterior exposição de objectos e utensílios tradicionais, bem como o levantamento de danças e cantares locais. Em 1987, é apresentado o espectáculo de etnografia e folclore intitulado “Desfolhada” e, passados dois anos, as “Quatro Estações do Linho “. Esta recriação de tradições e de vivências de outrora tinha como responsável a Dr. Maria da Conceição Moura. Outros colaboradores deste projecto foram, como muitas pessoas se recordam, os professores António Bessa e Celestino Ortet, na parte musical.

12/13/2010

Antiga Escola de Música de Travanca: uma fotografia para recordar

Uma das actuações da Escola de Música orientada
pelo Prof. Celestino Ortet

Memórias recortadas: o mau estado das ruas e caminhos em 1933

JP Janeiro 1933 

ARCTM: foi alargado o prazo para apresentação de listas

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Associação Recreativa e Cultural de Travanca do Mondego, Francisco Rojais Henriques,  convocou uma Assembleia de Sócios para para o dia 26 de Dezembro, e prolongou  o prazo para apresentação de listas para a composição dos órgãos sociais para o biénio 2011/2012 , até 30 minutos antes da Assembleia Geral.

Este facto deve-se à circunstância não ter dado  entrada na secretaria da associação qualquer lista para os órgãos sociais,  o que deveria ter acontecido, até às 20 horas do dia 11 de Dezembro.

Travanca homenageou Padre Correia Alves


A paróquia de Travanca do Mondego, na hora da partida para terras de Mortágua,   prestou uma singela mas sentida homenagem ao P.e António Correia Alves que foi seu pároco durante cinco anos.
No dia 26 de Setembro, no final da Santa Missa , pelas mãos da Sra  Maria Alice,  paroquiana mais idosa , foi entregue, em nome de todos,  uma lembrança ao Sr. Padre Correia. Também em representação desta terra, a D. Palmira Viseu enalteceu e agradeceu a dedicação deste sacerdote durante estes anos. Por sua vez,  o P.e  Correia agradeceu a todos este gesto e prometeu continuar a apoiar Travanca dentro das suas  possibilidades pastorais.
Notícia e imagem publicada no Nova Esperança de Novembro

12/12/2010

Associação Recreativa e Cultural vai ter eleições



De acordo com o Regulamento Interno da Associação vai haver eleições para os órgãos sociais para o biénio 2011/2012.
Terminou ontem o  período para apresentação de listas para a Mesa Assembleia-Geral ( Presidente, 1º Secretario e 2º Secretario), para a  Direcção( Presidente, Secretário, Tesoureiro e 4 Vogais) e para o Conselho Fiscal ( Presidente e 2 Vogais).

A ARCTM comemorou no dia 14 de Novembro o 32º Aniversário.

TORNEIO DE SUECA ESTÁ A DECORRER


 

Memória e Eternidade

   Na legenda da foto, podemos ler o seguinte :
    “ Padre Veiga, um verdadeiro defensor
        dos mais desprotegidos”
Com este breve apontamento pretendemos recordar a  figura de Padre António Veiga, sacerdote sempre atento aos problemas sociais. Desde muito cedo, ao ser investido como pároco de Oliveira, Travanca e Almaça, se viu confrontado com os problemas e as incertezas que as pessoas destas freguesias viviam perante a construção da barragem da Aguieira, colocando-se ao lado das populações na reivindicação dos seus direitos.

Numa reportagem publicada no Jornal de Notícias de 29 de Agosto de 1976, escrevia o jornalista João Bravo:
 “ Nessa luta, uma figura se ergueu. Um padre que, atento aos problemas, se dispõe a ser o líder de um processo. Sem vaidade, como membro de uma comissão de moradores, o Pároco de Travanca do Mondego (que chegou a ser perseguido pela PIDE), Veiga e Costa de seu nome, é um Homem de ideias assentes, perfeitamente identificado com os anseios e dúvidas dos residentes da zona”.

Parque Industrial dos Covais está pronto para a instalação de empresas

Centro de Inspecção Automóvel poderá vir a ser instalado na Zona Industrial dos Covais

Segundo consta na Acta da Reunião da Câmara  de 19 de Novembro , foi apreciado um PEDIDO DE INFORMAÇÃO PRÉVIA PARA INSTALAÇÃO DE CENTRO DE INSPECÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS NAS ZONAS INDUSTRIAIS DE ALAGOA E COVAIS.
Refere a acta, que está  disponível no site da Câmara:
" No que se refere à localização do mesmo, considera  ( o Presidente ) que atendendo a que não existem Centros de Inspecção nos Concelhos de Arganil, Mortágua e Santa Comba Dão, a zona dos Covais seria a melhor opção.
No entanto, após larga troca de impressões, foi decidido, por unanimidade, deferir o pedido de informação prévia para os dois locais, ficando os interessados sujeitos às regras de aquisição dos terrenos. "

Travanca no Google Maps


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