(…) Após o século XI, que coincide com o momento histórico da Reconquista,
o número de invocações aumenta expressivamente. Curiosamente, as imagens mais antigas de que se tem conhecimento com a denominação de “Nossa Senhora dos Remédios” datam do século XII e relacionam-se diretamente às batalhas travadas entre cristãos e mouros.
É dentro desta perspectiva da Reconquista que surge a Ordem da Santíssima Trindade, reconhecida pelo Papa Inocêncio III em 1199 com o propósito de libertar os cativos cristãos sob o domínio dos Mouros, com sede em Cerfroid, França. A Ordem dos Trinitários tem sua fundação datada em 1193 e em 1230 institui Nossa Senhora dos Remédios como patronesse e protetora da Ordem. Apesar disto, esta devoção só seja associada oficialmente a esta Ordem em 6 de novembro de 1620, na Bula Papal de Paulo V, que une o título de Nossa Senhora dos Remédios a Confraria da Santíssima Trindade, contribuindo para a difusão da devoção.
O fundador da Ordem, São João da Mata teria tido sua primeira visão de Nossa Senhora dos Remédios em Valência, no ano de 1202, quando este orava, atormentado pela imposição dos Mouros em dobrar a quantia exigida pela redenção dos cativos dos quais viera para comprar a liberdade.
Durante a oração a Virgem lhe apareceu entregando uma bolsa de moedas para “remediar” a situação em que se encontrava). Ainda se tem o relato de mais outras aparições, das quais destacamos a intervenção sobrenatural na vitória de D. João da Áustria contra os mouros, em Lepanto, no ano de 1571.
As primeiras imagens de Nossa Senhora dos Remédios, datadas do século XII e XIII, se apresentam como esculturas em granito ou madeira, no estilo românico, sempre com a virgem sentada em um trono, trazendo ao colo, sobre seu joelho esquerdo o menino Jesus, também sentado.
in “AS MUITAS FACES DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS”, Lidice Meyer Pinto Ribeiro ,Debates do NER, Porto Alegre, ano 18, n. 32, p. 259-287, jul./dez. 2017