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3/26/2013

Páscoa na aldeia: algumas memórias

O Domingo de Páscoa é um dia de muita alegria: celebra-se a ressurreição de Jesus Cristo. Havia foguetes e os sinos tocavam festivamente. Também havia as cerimónias da Bênção da Água e do Lume Novo, no Sábado Santo, na missa à noite na igreja.
No Domingo de Páscoa era a Visita Pascal. O Pároco acompanhado por um grupo de homens corria a freguesia. Um pouco à frente ia um miúdo com uma campainha anunciando que a cruz estava próxima. Geralmente era o presidente da Irmandade que levava a cruz. O sacristão levava a caldeirinha da água benta. Outro recolhia a esmola para o Santíssimo Sacramento. Por fim, outro elemento da Irmandade recolhia os ovos (geralmente meia dúzia) e a moeda que era colocada em cima. Os ovos e a moeda eram o “folar” do padre.
Começava logo de manhã, às 8 horas. À medida que entravam nas povoações deitavam um foguete. Assim, todos sabiam por onde andava a Cruz. Na nossa freguesia iniciava-se na Conchada, seguia-se Aguieira, Venda Nova, Covais, Coval e Vale do Mouro. Ao meio dia era a missa na Igreja. Depois do almoço continuava a visita em Lagares, Portela e por fim Travanca.
Enfeitavam-se as janelas e as varandas com colchas bonitas. O feno era colocado à entrada das casas largando aquele perfume sem igual. Na mesa punha-se a toalha melhor, uma jarra com flores, amêndoas e o prato com os ovos e a moeda. A minha mãe tinha também um prato com tremoços.
Visitavam-se os familiares e os padrinhos. É uma tradição muito antiga os padrinhos darem aos afilhados um folar pela Páscoa. Os afilhados levavam açúcar e amêndoas e traziam um bolo doce ou um pão com dois ovos. Era uma alegria muito grande.
Testemunho de Maria da Puresa dos Santos Gonçalves 
 (85 anos)