O Domingo de Páscoa é um dia de
muita alegria: celebra-se a ressurreição de Jesus Cristo. Havia foguetes e os
sinos tocavam festivamente. Também havia as cerimónias da Bênção da Água e do Lume
Novo, no Sábado Santo, na missa à noite na igreja.
No Domingo de Páscoa era a Visita
Pascal. O Pároco acompanhado por um grupo de homens corria a freguesia. Um
pouco à frente ia um miúdo com uma campainha anunciando que a cruz estava
próxima. Geralmente era o presidente da Irmandade que levava a cruz. O sacristão
levava a caldeirinha da água benta. Outro recolhia a esmola para o Santíssimo
Sacramento. Por fim, outro elemento da Irmandade recolhia os ovos (geralmente
meia dúzia) e a moeda que era colocada em cima. Os ovos e a moeda eram o “folar”
do padre.
Começava logo de manhã, às 8
horas. À medida que entravam nas povoações deitavam um foguete. Assim, todos
sabiam por onde andava a Cruz. Na nossa freguesia iniciava-se na Conchada,
seguia-se Aguieira, Venda Nova, Covais, Coval e Vale do Mouro. Ao meio dia era
a missa na Igreja. Depois do almoço continuava a visita em Lagares, Portela e
por fim Travanca.
Enfeitavam-se as janelas e as
varandas com colchas bonitas. O feno era colocado à entrada das casas largando
aquele perfume sem igual. Na mesa punha-se a toalha melhor, uma jarra com
flores, amêndoas e o prato com os ovos e a moeda. A minha mãe tinha também um
prato com tremoços.
Visitavam-se os familiares e os
padrinhos. É uma tradição muito antiga os padrinhos darem aos afilhados um
folar pela Páscoa. Os afilhados levavam açúcar e amêndoas e traziam um bolo
doce ou um pão com dois ovos. Era uma alegria muito grande.
Testemunho de Maria da Puresa
dos Santos Gonçalves
(85 anos)
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