domingo, novembro 06, 2011

Recriação das tradições ligadas à azeitona e ao azeite: acima de tudo, um dia de franco convívio

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A recriação da apanha tradicional da azeitona (síntese de imagens)
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E AGORA A NOTÍCIA:
Às oito horas em ponto o som do corno fez-se ouvir. Daí a pouco começavam a chegar ranchos de pessoas, preparadas para o dia de trabalho: escada de madeira às costas, gancheta, cesto, farnel com a bucha e cabaça com vinho.

Começa-se por estender a roupa (os panais)e colocar as escadas nas oliveiras. Segue-se uma pausa... é que os figos secos acompanhados de um cálice de aguardente da colheita deste ano estavam ali mesmo à espera.
Os homens começam por subir às oliveiras, "repigando" e nalguns casos varejando. Cá em baixo as mulheres vão apanhando a azeitona que vai saltando dos panais ou que o vento já havia deitado abaixo. O trabalho está a render bem, mas a dado momento alguém começa a lembrar a "bucha" que nunca mais chega.
Finalmente aparece: "filhoses" quentinhas, sardinha frita, azeitonas, queijo, pão e a água pé deste ano. Aconhegados os estômagos e com outro ânimo há que regressar ao trabalho. As nuvens parecem anunciar aguaceiros, há que despachar um pouco mais. E é "mei-dia"... lá vem o almoço. Na cesta vem a loiça, as batatas, as migas. O bacalhau está a ser assado na brasa ali mesmo. No fim, chega o azeite novo, do "moinho" feito na noite anterior.

A fome já apertava. Toalha estendida no chão cada um se serve. A água-pé, o vinho animam a festa. O convívio prolonga-se, alguém faz anos, mais um copo, mais uma conversa.

Mas...agora falta "erguer" a azeitona e ensacá-la. No fim, as "filhoses"... A apanha do dia hoje deu para fazer um bom "moinho". Qual o lagar com menos aperto? Ribeira da Pesqueira, Petêlo, Ribeira de Lagares, Cornicovo*, Relvão, Silveirinho?

A decisão acabou recair no último: o Lagar do Silveirinho (que apesar de modernizado ainda mantém o estatuto de Lagar Tradicional), gerido por gente de Travanca, lá conseguiu uma vaga e foi mesmo ali, que o fruto de luto vestido se transformou, depois de mil "padecimentos" no óleo dourado que há-de regar muitos e bons pratos da nossa tradição.

Ah...falta dizer que "fundiu" muito bem: 19 por cento. Coisa que já não se ouvia há muitos anos...

*Lagares já desaparecidos há muitos anos

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